Nós, os cidadãos: este foi o repto da conferência proferida pelo presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP), Rui Moreira, na Universidade Católica Portuguesa no Porto.
Durante a sessão de abertura dos ISP Dialogues, intitulada "We, the citizens: imagining urban communities in the 21st century”, Rui Moreira, numa partilha próxima com estudantes da Faculdade de Direito da Universidade Católica que preencheram o Auditório Ilídio Pinho, abordou o seu percurso, desde 2013, enquanto presidente da CMP, destacando os vários sonhos, desafios e ambições que têm guiado e moldado a Cidade do Porto ao longo dos anos.
Rui Moreira destacou o “poder das cidades” e foi desafiando a plateia com várias questões: Como é que podemos melhorar as nossas cidades? Como é que as podemos moldar? Qual a importância e o papel das pessoas na construção das cidades?
Esta foi a primeira conferência do semestre de outono dos ISP Dialogues, o ciclo de conferências que conta com oradores convidados, organizadas no âmbito do International Studies Program, Mestrado em Direito Europeu e Internacional totalmente em Inglês, da Escola do Porto da Faculdade de Direito da Universidade Católica.
As cidades são “a nossa sala de estar comum”
Para Rui Moreira, as cidades são “encruzilhadas” e têm sofrido inúmeras alterações ao longo dos anos. Porém, “nada substitui as cidades” e “as cidades são a nossa sala de estar comum”.
O orador explica que “é no espaço público que as pessoas se misturam e, por isso, estamos convictos da ambição e da importância de melhorar o espaço público”. “É necessário reivindicar o espaço público de volta para os cidadãos, da forma mais democrática possível”, acrescenta.
Isabel Braga da Cruz, pró-reitora da Universidade Católica Portuguesa, no início do evento, introduziu a conferência, destacando a sua importância, enquanto meio para “estimular os estudantes e o seu pensamento crítico”. “É crucial cruzar a teoria com a prática e não há nada melhor do que ouvir um líder que está, ativamente, a contribuir para a construção do futuro de cidades históricas e vibrantes como o Porto”, afirmou.
Participar em redes nacionais e internacionais
A importância do encontro e da participação em diferentes fóruns e redes nacionais e internacionais para a capacitação das cidades também foi destacada ao longo da conferência.
O presidente da Câmara Municipal do Porto afirmou “nós começámos a envolver-nos com outras cidades, trocando pontos de vista sobre temas como as migrações, a cultura e outros, com o objetivo de influenciar o poder político e a governação, mas, também, as organizações internacionais como a União Europeia, a Comissão Europeia e as Nações Unidas.”
Qual é o poder do cidadão?
Rui Moreira lançou o desafio aos estudantes, levando-os a refletir acerca do “poder do cidadão, do poder do setor privado” e, também, acerca do “papel do setor político e público”, que, para o orador, atualmente, “já não são o mesmo”, porque “os cidadãos e as comunidades estão a mudar drasticamente.”
O presidente da CMP referiu que, hoje em dia, as pessoas são “mais exigentes” e estão a “reivindicar coisas sobre as quais nem tinham conhecimento há 10 anos”, dando o exemplo do ambiente e da sustentabilidade. Sobre este último, destacou que não se pode pensar em sustentabilidade unicamente a partir do ponto de vista climático, reforçando, assim, a importância de trabalhar rumo a uma sustentabilidade social.
Ao terminar a sua intervenção, Rui Moreira afirmou ser central que as cidades “compreendam o que querem para que depois sejam capazes de influenciar os governos”.
Azeredo Lopes, coordenador do International Studies Program, no final da intervenção de Rui Moreira, fez um breve comentário, dando destaque à importância de uma abordagem aos direitos humanos e a sua preponderância na dinâmica das cidades. Para o docente, “o poder é um instrumento democrático, ou seja, é um instrumento fantástico que reforça a democracia e protege os cidadãos.”
Os estudantes do International Studies Program tiveram, também, a oportunidade de colocar questões ao orador, trazendo, desta forma, mais temas para a discussão. Os desafios da emigração, da mobilidade e da inclusão social foram alguns dos temas abordados.
Com uma variedade de convidados de diferentes origens pessoais e profissionais, os ISP Dialogues fomentam e encorajam o pensamento crítico, contextos interdisciplinares e uma visão abrangente e humanista tanto do Direito Internacional como do Direito Europeu e das Relações Internacionais.
A conferência inaugural deste ciclo de conferências contou com uma sala cheia de estudantes, mas, também, repleta de ideias, perspetivas e sempre muita curiosidade. Espera-se um ciclo de outono dos ISP Dialogues muito frutífero e proveitoso para toda a comunidade académica da Universidade Católica no Porto. Em breve serão anunciadas as próximas sessões que prometem diversidade nos protagonistas, nos temas e nas abordagens.