Faculdade de Direito acolhe edição especial do podcast Bloco Central no ADN Jurista

Quinta-feira, Outubro 17, 2024 - 11:03


A Escola do Porto da Faculdade de Direito foi palco de uma edição especial ao vivo do Bloco Central, o mais antigo programa de análise política em Portugal, atualmente um podcast do jornal Expresso. A gravação foi inserida no âmbito do programa ADN Jurista, um projeto da Faculdade que visa formar futuros juristas mais críticos, conscientes e ativos na sociedade. A sessão contou com a presença dos comentadores Pedro Siza Vieira e Pedro Marques Lopes que, sob a moderação do jornalista Paulo Baldaia, analisaram os temas da semana e discutiram o impacto da sua formação jurídica nas suas leituras políticas.

Paulo Baldaia abriu a sessão com uma questão que norteou a conversa - o modo como a formação em Direito de ambos os comentadores, influencia a maneira como analisam os grandes temas da atualidade. Esta pergunta levou os comentadores a refletir sobre como a lógica jurídica permeia o pensamento crítico e a independência intelectual que ambos valorizam nas suas análises. Pedro Siza Vieira começou por explicar: "A maneira como nós pensamos pela vida fora é muito marcada pelos quadros mentais e raciocínio que adquirimos nos primeiros anos. E, obviamente, o curso de Direito é muito marcante na reflexão sobre o mundo, sobre a sociedade em que vivemos". Pedro Marques Lopes corroborou esta visão, sublinhando que o curso de Direito “dá-nos sempre uma vantagem perante as pessoas com quem falamos. Não ponham duvidas nenhumas”.

Quando o tema da polémica entre Luís Montenegro e André Ventura foi mencionado, Siza Vieira e Marques Lopes demonstraram o valor do pensamento jurídico. O líder do Chega acusou o primeiro ministro de lhe propor, em privado, um acordo político para aprovar o Orçamento do Estado, uma alegação prontamente negada por Montenegro. “Nós, enquanto advogados, sabemos o que é o dever da reserva”. “É muito importante que se preserve relações de confiança entre os atores políticos para que se possa sair de impasses e situações difíceis”. “O André Ventura está-se a desqualificar como parceiro e agente político”, salientou Siza Vieira.

A análise crítica esteve também presente no caso de Pedro Nuno Santos, líder do PS, que lançou confusão no próprio partido quando exigiu aos camaradas que ocupam o espaço mediático que respeitem o partido e falem a uma só voz. “Revela uma insegurança brutal”, anuiu Pedro Marques Lopes. “É normalíssimo que haja militantes que tenham opiniões diferentes”, afirmou. De acordo com Siza Vieira é essencial filtrar “as opiniões, percebendo quais são os interesses de quem fala, perceber porque uma mensagem nos chega ao telemóvel, nos chega às redes sociais de terminada maneira ou de outra”. “Nós somos uma pessoa a quem o Estado nos dá um voto igual ao de todos os outros e o nosso voto contribui para aquilo que é o destino do nosso país”.

Ao falar sobre as tentativas de Luís Montenegro de estabelecer "regras" para a comunicação social, Siza Vieira foi direto: “Eu acho que todos nós ficamos empobrecidos enquanto cidadãos”. Marques Lopes foi ainda mais incisivo, descrevendo a atual precarização dos jornalistas em Portugal, o que, segundo ele, enfraquece a sua independência e compromete a própria democracia. “Não há democracia sem jornalistas”, declarou, sublinhando a importância de um jornalismo livre e vigoroso.

Ao longo da sessão, foi evidente que a formação em Direito dos comentadores lhes ofereceu não só o vocabulário, mas a metodologia para desmontar os acontecimentos da semana. Para Siza Vieira, “a essência da atividade de um jurista é exercermos o nosso espírito crítico” e foi essa essência que permeou todas as análises da sessão. O confronto de ideias entre Montenegro e Ventura, a liderança de Pedro Nuno Santos no PS e as relações entre políticos e a imprensa não foram apenas discutidos de forma superficial, mas aprofundados e filtrados através de um pensamento rigoroso. “Todas estas coisas nós treinamos enquanto somos juristas”, salientou.

No final da sessão, os estudantes de Direito tiveram a oportunidade de colocar questões aos comentadores, aprofundando o debate, trazendo-se inclusive as eleições norte-americanas para a discussão.

A sessão especial do Bloco Central foi uma oportunidade única para os estudantes verem como o pensamento jurídico se cruza com a análise política, reafirmando a importância de uma educação que fomente o espírito crítico e a independência intelectual. Paulo Baldaia resumiu bem o tom do evento: "Este episódio não é especial apenas por ser ao vivo, mas porque os dois comentadores procuraram dar mais contexto à forma como fazem a análise de uma realidade que muda a uma velocidade, por vezes, difícil de entender para quem não tem experiência no terreno".

Aceda ao podcast completo aqui.

 

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