Palestra organizada pelos núcleos HeforShe da Universidade Católica centrou-se em questões de igualdade de género

Segunda-feira, Março 29, 2021 - 15:12

Os núcleos HeForShe da Universidade Católica Portuguesa organizaram uma palestra online intitulada «Porque é que as sociedades desenvolvidas precisam de feminismo?» onde se debateram questões relativas à igualdade de género.

Do painel de convidados fazia parte Ana Andrade, docente da Faculdade de Direito, que contribuiu para a discussão de uma perspetiva filosófica: “Nós somos todos únicos. Quando se fala de igualdade de género, fala-se de igualdade de tratamento, igualdade de oportunidades (…) Poder decidir por si, ter a capacidade de poder fazer, de saber que poder fazer é uma coisa muito recente para as mulheres.”

Segundo a docente, o feminismo precisa de homens dispostos a defender a causa: “Enquanto não houver homens feministas dispostos a dar às mulheres a mesma oportunidade, não vamos a lado nenhum.”

Também Ana Martins, psicóloga e assessora da Faculdade de Direito, ajudou a audiência a refletir sobre estas questões num enquadramento psicológico. Em dois parâmetros: se o desenvolvimento das sociedades não for sustentável, não está ao serviço do indivíduo; se os problemas na equidade de oportunidades entre homens e mulheres sobrecarrega sobretudo estas últimas, também tem impacto para todos, incluindo na saúde mental dos homens.

Conclui-se, então, que um desenvolvimento que não seja sustentável (incluindo, por isso, diversidade e proporcionalidade na distribuição de riqueza, tal como preconizado pela ONU), cria condições desfavoráveis à esmagadora maioria, incluindo aos agentes económicos.

Por exemplo, a desigualdade salarial baseada no género cria problemas de desmotivação, retenção de talento e de reputação de marca. Em suma: “Precisamos de feminismos nas sociedades desenvolvidas por uma questão de desenvolvimento sustentável”.

Na segunda parte, a Professora Patrícia Galvão Teles, que é membro da Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas, partilhou a sua experiência enquanto uma das quatro mulheres que exercem funções na Comissão, da qual fazem parte 34 homens: “Há paridade em muitos pontos da carreira, mas continua a afunilar em determinados cargos de mais responsabilidade. É uma coisa que se vê na política, no direito, na academia.”

De acordo com a docente, é essencial haver mulheres presentes nos centros de tomada de decisão: ”Só assim é que há uma sociedade inclusiva, onde todas as perspetivas são incluídas”.

Por último, Mário Cesar, responsável pelo projecto fotográfico “Na pele dela”, onde dezasseis figuras públicas foram fotografadas em contextos que são tipicamente associados ao género feminino, explicou o propósito do seu trabalho: “Enquanto homem, quero transmitir que merecemos as mesmas oportunidades e destaque na nossa vida. O feminismo não é e não pode ser só levado por mulheres.”

O Núcleo HeforShe da Católica Porto e o Núcleo HeforShe da Católica Lisboa procuram sensibilizar e educar a comunidade em questões relacionadas com a igualdade de género.