Pensar, Argumentar e Comunicar: as 3 ferramentas que serão trabalhadas na V edição do curso de Ferramentas de Desenvolvimento Pessoal

Quarta-feira, Outubro 13, 2021 - 10:01

Em formato online, o curso de Ferramentas de Desenvolvimento Pessoal procura ajudar os participantes a trabalhar competências que os permitam desenvolver aptidões comunicativas.

Conversamos com a docente Ana Andrade que se prepara para lecionar o workshop a partir do dia 15 de novembro:

O curso pretende ajudar os inscritos a "pensar melhor". Pode aprofundar esta ideia?
Todos crescemos com a ideia que pensar é o que nos distingue, enquanto espécie, dos outros animais, e que essa é uma competência inata. Não querendo desvirtuar a crença, eu diria que o que nos apartará dos outros seres vivos sencientes será antes a capacidade de reflexão, isto é, de pensar o pensamento -- uma e outra vez, as que forem necessárias até que estejamos contentes com o seu produto. Quero com isto significar que as conclusões a que chegamos pelo pensamento devem ser algo em permanente revisão, sujeitas que estão a novos elementos, ao contraditório, a outras experiências. Assim sendo, mais do que saber pensar, devemos preocupar-nos em pensar bem, livrando-nos de crenças sem fundamento ou baseadas em falsas autoridades, aprendendo a raciocinar de forma válida e coerente, sem falácias ou outros elementos que nos maculam os pontos de vista.

Existem técnicas que ajudam a construir o pensamento? Pode dar exemplos? 
Advogo que a melhor técnica para construir e apurar o nosso pensamento é, logo depois do conhecimento da matéria sobre a qual pretendemos edificar um ponto de vista, expor ao contraditório as conclusões a que vamos chegando. Karl Popper falava da necessidade de falsificação das hipóteses que dão respostas a problemas, em ciência experimental, e eu gosto de usar o seu conceito, neste âmbito: é pondo à prova o nosso pensamento, procurando outros prismas, outros argumentários, que percebemos que o nosso prisma é defensável (se conseguirmos refutar a contra-argumentação) ou que, pelo contrário, sofre de lacunas várias que não lhe permitem manter-se e deve ser revisto -- seja como for, ficamos sempre a ganhar.

Por outro lado, refere que é possível "desconstruir elementos bloqueadores do pensamento crítico". De que forma é que consegue ajudar estudantes e profissionais que procurem melhorar as suas competências comunicacionais a reconhecer essas falhas e a trabalhá-las? 
Todos temos capacidade de pensar criticamente tudo o que nos rodeia e, muitas vezes, quedamo-nos pelo óbvio, pelo que ouvimos dizer, pelo que toda a gente diz e, sobretudo, pelo que vem ao encontro das nossas crenças. A ideia, no âmbito deste curso é a de, por meio do método socrático (um sucesso desde o século V a.C), levar os formandos a identificar as limitações do seu próprio pensamento, quando confrontados com questões são básicas como "Eu quero muito fazer X, mas não tenho tempo". Na verdade, o meu papel aqui é apenas o de agilizar a identificação dos erros ou incoerências e levá-los a construir um pensamento melhor, livre de obstáculos e de conclusões tiradas à pressa, que só prejudicam o próprio. O nosso objetivo não é, certamente, o de julgar o pensamento dos nossos formandos, mas o de os ajudar a construí-lo melhor, uma vez livres dos tais elementos que os impediam de o fazer.

As inscrições estão abertas até ao dia 10 de novembro.