Bernardo Menéres: “O International Studies Program é uma excelente porta para quem quer trabalhar na área Internacional.”

Quinta-feira, Abril 24, 2025 - 18:51
Fotografia de Bernardo Menéres

Bernardo Menéres é licenciado em Direito pela Faculdade de Direito – Escola do Porto e atual estudante do International Studies Program. Tem 25 anos, é natural do Porto e muito interessado pelas Relações Internacionais, História e Diplomacia. Sobre o mestrado, destaca a sua dimensão multidisciplinar e também as oportunidades de contacto com as organizações internacionais.

 

É estudante do International Studies Program da Faculdade de Direito – Escola do Porto. Porquê a escolha deste Mestrado?

Foi durante a licenciatura em Direito que me comecei a interessar de forma particular pelo Direito Internacional. Honestamente, quando, ainda na Licenciatura, vi o programa deste mestrado não tive dúvidas de que o caminho era por aqui. O plano curricular chamou a minha atenção e também os professores, muitos deles estrangeiros.  Acredito no multilateralismo e no poder da cooperação internacional que tem como base o Direito Internacional. Agrada-me a possibilidade de seguir uma carreira internacional. Quem sabe numa organização internacional ou até uma carreira diplomática.

 

“O diálogo é essencial.”

 

O que é que distingue este Mestrado?

O Mestrado é multidisciplinar e, por isso, dá-nos conhecimentos das várias áreas que compõem o Direito Internacional. Para além das cadeiras de Direito, temos, também, Relações Internacionais, História Política e outras. À luz do Direito Internacional, abordamos temas como a inteligência artificial, as alterações climáticas… É um Mestrado muito desafiante que desenvolve em nós o espírito crítico e a capacidade de reflexão. Para além disto, o mestrado coloca-nos em contacto com várias organizações internacionais. Através dos ISP Dialogues temos a oportunidade de conhecer uma grande diversidade de pessoas que trabalham na área internacional e que vêm cá partilhar essas experiências connosco. O ISP é muito mais do que apenas as disciplinas que compõem o plano curricular. A qualidade e a proximidade com os professores também é de destacar. Há uma preocupação grande em incluir-nos nos projetos que estão a realizar. Todos estes fatores fazem com que eu me sinta mais do que um aluno. Sinto-me parte da comunidade. O ISP é uma excelente porta para quem quer trabalhar na área Internacional.

 

É também um Mestrado internacional …

Temos estudantes vindos de diferentes países e isso torna a experiência ainda mais rica. Estarmos em contacto com outras culturas também acaba por ser determinante na nossa formação. Para além dos estudantes portugueses, há muitos países representados no Mestrado: Gana, República Checa, Bulgária, Polónia, Chile …

 

Há espaço para o diálogo e debate?

Temos tido muitas oportunidades de debater, trocar ideias e partilhar perspetivas diferentes. Tivemos uma aula cuja atividade era chegar a um acordo de paz entre a Ucrânia e a Rússia. Cada um de nós tinha de pertencer a uma representação. Eu fiz parte da delegação da Ucrânia, mas havia quem fizesse parte da delegação da Rússia ou até parte de organizações como as Nações Unidas, a NATO ou a União Europeia. Cada um de nós teve de adotar uma perspetiva diferente. Tivemos de ser capazes de negociar a partir de diferentes perspetivas e interesses. Foi uma atividade que pôs à prova os nossos conhecimentos, não só do Direito Internacional, mas também dos nossos conhecimentos sobre relações internacionais e diplomacia. E, muito importante, pôs-nos a dialogar. O diálogo é essencial.

 

Foi possível chegar a um acordo de paz?

Não tivemos hipótese, éramos obrigados a chegar a um acordo (risos).

 

“(…) é impossível compreender um conflito sem mergulhar profundamente na História.”

 

Qual o tema que irá explorar na tese?

Estou no início da fase da dissertação e o meu tema é a responsabilidade do Estado pelo crime de genocídio e, também, a intenção especial do Estado em cometer esse tipo de violação ao Direito internacional à luz de um caso concreto do Tribunal Internacional de Justiça da África do Sul que pôs um caso contra Israel, acusando Israel de cometer genocídio sobre a população de Gaza. É um tema atual e que me suscita particular interesse.

 

Qual é o grande desafio implícito no estudo destas temáticas?

É muito importante estarmos a par de tudo o que acontece. O desafio de prestarmos atenção a todas as dimensões é muito grande. É impossível olhar para um determinado conflito sem olhar para todas as implicações, sem olhar para todas as redes e para a situação geopolítica que está à volta. Também é impossível compreender um conflito sem mergulhar profundamente na História.

 

Um livro que recomende?

Gostei muito de ler o Uma Terra Prometida, é a autobiografia de Barack Obama, o antigo Presidente dos Estados Unidos da América. É um relato em primeira mão do que se passa na Sala Oval e do alto nível da diplomacia.

 


Pessoas em Destaque é uma rubrica de entrevistas da Universidade Católica Portuguesa, Centro Regional do Porto.