O mercado de trabalho procura jovens que, para além do domínio técnico do Direito, possuam certos atributos pessoais e capacidades comunicativas a que alguns chamam “soft skills”, como a aptidão para trabalhar em equipa, negociar ou ter uma atitude empática com colegas e clientes.
De acordo com a psicóloga Ana Martins, “a expressão soft skills é quase como um chavão que temos para dizer tudo aquilo que não é técnico. Tem claros problemas de cientificidade.”
Acrescenta, ainda, no episódio “Como se preparar para os exames” do ThemisCast (um podcast criado por estudantes de Direito), que “na psicologia, e nas outras ciências, não há nada que possa ser chamado de científico que não possa ser medido. E os instrumentos que existem para teoricamente avaliar soft skills, não têm validade científica suficiente.”
A coordenadora do Programa ADN do Jurista explica que ao longo do programa são trabalhadas diversas competências dos estudantes: “Desde a questão da expressão dramática, da oralidade, da argumentação, da aplicação do pensamento crítico à resolução concreta de problemas. É uma forma de pensar a realidade complexa que exige profundidade.”
Falámos com duas estudantes da licenciatura, que identificam várias aptidões que são desenvolvidas ao longo da Licenciatura em Direito.
As soft skills mais fortalecidas ao longo do curso
Joana Cadete: Importa salientar que um curso como o de Direito implica, desde logo, um estudo bastante disciplinado e regular. No decurso do mesmo, constatei evoluções pessoais surpreendentes, nomeadamente, ao nível da capacidade de análise, da gestão de trabalho, do fortalecimento do pensamento crítico, o aperfeiçoamento da argumentação e postura que são cruciais para desempenhar uma boa oratória e a habilidade de trabalhar sob pressão sem deixar que o stress e as inseguranças, tão comuns nesta fase da nossa vida, assumam o controle. Porém, adquirir estas ferramentas não é algo imediato. A resiliência, que carece em si mesma de ser trabalhada, permite-nos superar gradualmente obstáculos maiores do que os anteriores, até atingirmos um grau de exigência em que não aceitamos nada menos que X. Essa vontade de me superar a mim mesma fez-me desenvolver potenciais soft skills até então adormecidas.
Maria Mateus: O curso de Direito tem a grande vantagem de desenvolver as mais diversas capacidades. Em termos de aprendizagem, consegue aumentar a capacidade de espírito crítico e leva o pensamento mais longe e muito para além do óbvio. A questão do empenho, foco e determinação e metodologia são essenciais em termos de estudo e preparação, portanto são os aspetos mais relevantes a desenvolver durante este percurso. Ao longo do curso, e com o próprio estudo, acresce uma necessidade de organização e de aquisição de métodos, sendo que esta pode variar de uma disciplina para a outra.
Programas da Universidade Católica onde essas capacidades são trabalhadas
JC: Existem inúmeros programas através dos quais qualquer aluno pode melhorar a sua performance, tais como o ADN do Jurista, a ELSA, ou a Sociedade de Debates. Há, em particular, um projeto do qual faço orgulhosamente parte: a Mentoria. Desenvolvida por alunos e para alunos, a Mentoria permite uma maior aproximação e entreajuda na realização das múltiplas cadeiras do curso de Direito. Visou-se, assim, promover uma redução nos lapsos cognitivos de determinadas matérias, facilmente reparados por quem já realizou a cadeira com sucesso, bem como, uma melhor preparação para as avaliações. Quem é mentor, ou se candidata ao cargo, terá de organizar os seus instrumentos de trabalho para que seja possível obter uma explicação eficiente; em certos casos, os mentores partilham uma mesma área do Direito, o que garante um maior desenvolvimento de teamwork skills, entre outras.
MM: A Universidade Católica criou programas essenciais para o melhor desenvolvimento de todo o tipo de alunos, seja para melhores prestações, manter resultados ou simples acompanhamento do percurso académico. O programa GPS será o que orienta melhor todos os estudantes para estudos metódicos e organização do calendário escolar tendo em conta as especificidades do curso de Direito. No programa GPS, o acompanhamento é personalizado e são tidas em conta todas as necessidades e dificuldades, sem qualquer julgamento prévio. Por sua vez, o departamento de psicologia realiza trabalhos atentos e exímios, de acordo com as preocupações, nervosismos e momentos normalmente preenchidos durante a vida académica de um estudante de Direito. Em acréscimo, é de referir o programa da Mentoria, desenvolvido por e para alunos, que, para além de criar uma proximidade entre estes, faz com que a aprendizagem se torne mais dinâmica. Com estes programas, a Faculdade consegue aumentar a segurança e confiança dos alunos, o que, no meu ponto de vista, é o essencial para a realização de todos os elementos de avaliação, a par de uma boa preparação.
Os motivos para a valorização destas competências
JC: A concorrência colossal que se tem intensificado nos últimos anos, devido a uma maior propagação do setor terciário nas grandes cidades, acaba por estimular o ideal de jurista que existe em cada um de nós. Cada vez mais se assiste à imposição de requisitos exigentes, não só ao nível de um currículo abastado, como na preferência por profissionais autónomos, dinâmicos, sensatos, críticos e compenetrados pelo sonho de singrar no mercado de trabalho. No que respeita a este último aspeto, é aí que sobrevém a importância do fomento das soft skills, aptidões essas que claramente viabilizam uma distinção entre os bons e os melhores.
MM: A Universidade demonstra uma certa preocupação com o desenvolvimento destas capacidades pela importância que elas terão no desenvolvimento dos seus alunos, sendo que serão sempre a base da nossa formação.
Ferramentas ajudam na transição para o exercício da profissão
JC: Sem sombra de dúvida. Estou certa de que quanto mais nos munirmos de tais ferramentas, altamente individualizantes, do mesmo modo que nos procuramos instruir, mais bem-sucedida será a nossa carreira profissional. Através deste know-how, estaremos, assim, aptos para concretizar aquilo a que nos propomos ao fim destes longos anos de estudo. Com isto dito, refiro-me a uma sólida capacidade para encontrar soluções para problemas novos, a um forte sentido analítico e ético e, ainda, uma singular objetividade na comunicação e expressão pública, orientada por uma forte técnica de eloquência, todos eles, no fundo, pilares fundamentais na vida de qualquer futuro advogado/a.
MM: De facto, a valorização destas competências pela Universidade e a criação destes meios de acompanhamento são fundamentais também para o futuro: seja em gestão de ansiedade e nervosismo, como nos conhecimentos adquiridos de forma sólida. O exercício de uma profissão nesta área será sempre a continuação do nosso percurso de aprendizagem e é essencial que essa base esteja fortalecida e coesa para melhores prestações no mercado de trabalho.
Fique atento ao calendário de candidaturas à Licenciatura em Direito.