Estágios Curriculares: ADN do Jurista

Segunda-feira, Abril 26, 2021 - 09:38

Na semana passada partilhamos o testemunho de um estudante que realizou um estágio curricular através do Serviço de Estudantes e Empregabilidade e da Faculdade de Direito. Desta vez, revelamos o depoimento de um estudante que realizou um estágio curricular no âmbito do programa ADN do Jurista.

Estágio ADN do Jurista

Aberto a estudantes que tenham frequentado o programa ADN do Jurista, possibilita o contacto do estudante com uma organização em ambiente de trabalho real. Desta forma, o estágio poderá decorrer em empresas, centros de arbitragem, julgados de paz, tribunais, associações e fundações, sociedades de advogados, entre outras entidades públicas e privadas.

No ano letivo corrente, Guilherme Laranjeira Lima obteve um estágio na Sociedade de Advogados Miranda & Associados SP RL. A experiência foi tão positiva que foi convidado a realizar também o estágio da Ordem dos Advogados:

Como resume a sua experiência?
Apesar de haver um enquadramento teórico e essencial que aprendemos durante a formação académica, é na vida real, na verdadeira prática jurídica, que começamos a entender o que é verdadeiramente o Direito. Deste modo, considero que a realização de um estágio curricular desempenha um papel fundamental na formação de um aluno.

Tendo realizado um estágio curricular durante dois meses, considero que o mais importante a reter, além da prática jurídica, é, sem sombra de dúvidas, o sentido de responsabilidade e a sensibilidade que deve acompanhar um verdadeiro jurista.

É muito importante, e percebi isso ao longo do estágio, que a partir do momento em que lidamos com a prática, passamos a lidar com a vida das pessoas; acrescendo que, o Direito e a justiça, são áreas extremamente sensíveis, decisivas, que necessitam de verdadeiros profissionais a atuar nelas. Esta é uma mentalidade que deverá ser adotada por todos profissionais da área.
Por outro lado, e em específico porque realizei o estágio numa sociedade de advogados, considero que este é um bom primeiro momento para decidirmos a nossa vida profissional: passamos a saber se gostamos de advocacia, se gostamos da prática jurídica, e se gostaríamos, eventualmente, de seguir a carreira de advogado.

Por fim, considero que a realização do estágio curricular providencia uma maior vantagem competitiva no mercado, oferece-nos um maior sentido de responsabilidade e de profissionalismo.

Que competências é que desenvolveu?
Desenvolvi, no decorrer do estágio, diversas competências jurídicas práticas, nomeadamente, como são realizados determinados atos da vida corrente de um jurista e advogado – como a realização de petições iniciais, contestações, requerimentos, pareceres, etc. – mas também, e muito importante, aprendi (ainda que superficialmente) a trabalhar com a plataforma Citius”.

Num plano mais jurídico-teórico, considero que se permite uma maior consolidação e um “reviver” das matérias já estudadas ao longo da licenciatura ou mestrado. Além disso, lidei com temáticas que não tinham sido abordadas (ou tinham sido pouco aprofundadas) durante a licenciatura, nomeadamente em matéria de arrendamento, contratação pública, regime dos incoterms, entre outros.

Por fim, desenvolvi ou aprofundei diversas soft skills, que se resume ao sentido de responsabilidade, profissionalismo, sensibilidade, diretamente ligados à profissão de um advogado e de um jurista. Mas também, obriga a uma melhor gestão de horário.

O estágio alterou a sua perceção sobre a prática jurídica?
Sem dúvida, até porque, quando iniciei o estágio, não sabia ao certo o que esperar. Fiquei surpreendido, pela positiva! Assim, tudo o que vivenciei, vivenciei pela primeira vez…

A prática jurídica, ao contrário do que decorre durante a licenciatura, baseia-se em casos reais, não em pessoas hipotéticas – o Bento e a Berta –, pelo que devemos perceber o que as pessoas pretendem e, sem sombra de dúvidas, ser mais empáticos: é importantíssimo perceber que um jurista que exerça mal a sua profissão poderá desencadear consequências catastróficas para uma pessoa real.

Além disso, a prática jurídica possui uma vertente de exploração, de pesquisa, não é necessário “decorar” tudo. É sim necessário entender o assunto que estamos a tratar e tentar elaborá-lo o melhor que sabemos.

Sente que o programa ADN do Jurista o preparou para o exercício da sua função? Porquê?
Em geral, considero que o programa do “ADN do Jurista” é um programa sólido e que é o primeiro passo para o profissionalismo de um jovem jurista.

É um programa que nos prepara para a vida prática, não propriamente ligado diretamente à parte jurídica, mas mais ligado a competência de um profissional de um modo mais amplo.

Desde logo, o “ADN” ajuda no profissionalismo, na análise crítica e no melhor pensamento. Faz-nos ser mais sólidos, ensina-nos a comunicar de forma mais eficiente e eficaz, a melhor escrever, a tomar posições e a expressar-nos com maior clareza.

A todos os estudantes da Universidade Católica, aconselho vivamente que façam este programa, com a vantagem de se tornarem melhores profissionais.

Considerando ainda que me senti “um passo à frente”, realizei as tarefas com maior facilidade e rigor, e agradeço tudo isso ao programa do ADN do Jurista.

Relativamente à licenciatura, acha que as disciplinas práticas desempenham um papel importante na ligação entre a teoria e a prática?
Creio que a Universidade Católica Portuguesa esteve muito bem ao dar-nos a possibilidade de realizar as cadeiras de practicum.

Ainda que considere, evidentemente, que não são suficientes para realizar todo o tipo de atos práticos, estas representam o primeiro passo para a vida prática.

A verdade é que a prática só melhora com a repetição, pelo que estas cadeiras de practicum são como uma “introdução à vida prática”.

Não obstante, e foi-me dito diversas vezes, os alunos da Católica vêm com mais capacidades práticas para a realização de estágios – não só curriculares – pelo que a componente lecionada durante a licenciatura revelou-se fulcral para a realização do estágio; isto porque, perceber-se como se realiza uma petição inicial ou uma contestação ou um requerimento, demora algum tempo, tempo esse que foi já “despendido” nas aulas e que, quando estamos no decorrer do estágio, só falta colocar mais em prática.


Atenta à tendência crescente de valorização da formação que vá para além da dimensão técnico-jurídica, a Escola de Direito criou diversos programas e iniciativas que preparam os estudantes para o início da sua atividade laboral.
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