5 sugestões para a apresentação e defesa da sua tese de doutoramento

Segunda-feira, Outubro 10, 2022 - 09:47

O momento de apresentação da tese de Doutoramento representa o culminar de anos de muito esforço e dedicação a um trabalho de investigação longo e exaustivo.

De forma a ajudar os nossos estudantes a preparar esse momento importante na sua vida académica, pedimos à Professora Paula Ribeiro de Faria que elencasse 5 sugestões para uma apresentação de sucesso.


1. Interiorizar que as provas de doutoramento se destinam à discussão e à defesa das suas ideias

A primeira sugestão que daria a um candidato a doutoramento consiste em interiorizar que as provas de doutoramento não se destinam à sua imolação, mas à discussão e à defesa das suas ideias, e que o júri pode ser influenciado positivamente quando se apresenta seguro, e defende convictamente o seu trabalho, respondendo de forma correta às questões que lhe são colocadas pelos arguentes. Ao mesmo tempo, deve ter a consciência de que dentro da sala de provas é a pessoa que mais sabe sobre a tese de doutoramento. Passou meses e anos a aprofundar uma ideia, converteu-a em palavras, leu e releu o que escreveu, pertence-lhe. Este privilégio não lhe permite ser arrogante, mas pode permitir-lhe ter segurança e uma visão mais positiva das provas a que se apresenta.

2. Causar uma boa impressão no júri no momento da apresentação

A segunda sugestão diz respeito ao momento em que o candidato se dirige pela primeira vez ao júri, e o cumprimenta. Costuma dizer-se que não há segunda oportunidade para uma primeira impressão, e esta é uma grande verdade. O candidato deve fazer os cumprimentos de pé, em sinal de respeito para com os doutores a quem se dirige, e deve pedir ajuda ao orientador para o desempenho correto desta tarefa, porque envolve o cumprimento de várias regras de natureza hierárquica e protocolar que dificilmente domina. Se os cumprimentos estiverem bem preparados, e o candidato os fizer com calma e com presença, isso também lhe permitirá ganhar controlo sobre a voz e a respiração, e descontrair.

3. Gerir com cuidado o tempo de que dispõe

A terceira sugestão diz respeito à apresentação da tese. Terminados os cumprimentos, o candidato senta-se, e o Presidente do júri concede-lhe tempo (normalmente 30 minutos) para apresentar a tese. É fácil cair na tentação de utilizar este tempo para resumir a tese, ou apresentar uma mini tese, mas esta é uma péssima ideia. Em primeiro lugar, é difícil fazer um resumo adequado de uma tese de doutoramento em meia hora. Por outro lado, o júri já conhece a tese, pelo que não sente a necessidade de ser “brindado” com o seu resumo, e por muito que a família e o público sejam dedicados ao candidato, não têm interesse de maior em conhecer em pormenor as suas ideias científicas. O que é importante é que todos saibam qual foi a razão da escolha do tema, quais as discussões e posições relevantes em torno da aplicação de determinado instituto ou norma, que caminhos ou vias de solução se apresentaram ao candidato, e fundamentalmente o que concluiu no fim de tantas páginas escritas. Evite a leitura de papeis, ou do power-point (se optar pela sua utilização), que lhe devem servir apenas como guiões para o que quer dizer, e ensaie bem a apresentação antes do dia das provas para garantir que se adequa ao tempo de que dispõe.

4. Tomar nota das observações feitas pelos arguentes e agradecer o seu trabalho

Terminada a apresentação da tese, segue-se o período das arguições e das respostas do candidato. O candidato deve tomar nota de todas as observações que lhe forem feitas, e deve agradecer o trabalho dos arguentes. A verdade é que o gosto intelectual de ler centenas de páginas e o esforço de conhecer as ideias do candidato, é um prazer do espírito que só ocorre ao próprio candidato, porque há trabalhos científicos mais estimulantes e mais apreciados do que o de conhecer a fundo o trabalho académico alheio, para identificar as suas falhas, e discutir com o seu autor, expondo-se em simultâneo à avaliação de colegas especialistas.

 5. Escolher as questões que domina melhor 

A minha quinta e última sugestão diz respeito à forma como o candidato deve responder às questões que lhe são colocadas pelos arguentes. Depois de responder às eventuais objeções de natureza formal que lhe sejam colocadas, o candidato deve escolher as questões de fundo que domina melhor e sobre as quais tem maiores certezas. É natural que com o desenvolvimento da discussão, as questões mais difíceis, ou aquelas a que não gostaria de ter de responder, acabem por ficar para o fim, não sobrando tempo para elas. Sobretudo, e esta é a minha última sugestão, não permita com o seu silêncio que a escolha da ordem das questões venha a pertencer aos arguentes, porque nesse caso quem passa a conduzir a defesa, de forma bem-intencionada é certo, mas porventura não na direção desejada pelo candidato, são os arguentes.

 

Para mais informações acerca da progressão de estudos no 3º ciclo, consulte o Regulamento do Doutoramento em Direito.